sábado, 22 de novembro de 2008

Hair Spray - Uma agradável surpresa

Por: profº Henrique
Devo confessar a existência de um certo preconceito da minha parte antes de assistir este filme. Por dois motivos: primeiramente pelo gênero (musical), que não raro se transforma em algo cômico, quando não trash. Mas principalmente, pelo fato de John Travolta aparecer no papel de uma senhora gorda, algo que me remetia a filmes como O Professor Aloprado (arghh) e Vovozona.

Valeu a pena arriscar! Hair Spray é um filme divertido, com ritmo contagiante e excelente conteúdo. John Travolta está muito bem na trama e seu personagem ao contrário do que pensei, é irônico, porém sutil, em nenhum momento é apelativo ou cai no ridículo.

A história se passa em Baltimore, uma pequena cidade dos Estados Unidos, durante os anos 60. Época de profundas mudanças no comportamento da juventude e de transformações sociais.

Tracy uma adolescente gorda, fora dos padrões de beleza, sonha com a possibilidade de participar do programa de TV – The Corny Collins Show – um programa com música e dança, sensação entre a juventude da época. Para surpresa de todos, a gordinha é escolhida para participar da atração. Embora, sem o aval dos diretores da emissora e da produtora Velma (interpretada por Michelle Pfeiffer).

Ironicamente a menina se transforma em um fenômeno de popularidade, uma vez que a grande massa de excluídos se identifica com sua imagem. A garota também se aproxima dos negros, em uma época que estes apareciam na TV apenas uma vez por ano.

A ascensão desta “ralé” incomoda muita gente, e os conservadores tentam acabar definitivamente com a barbárie expulsando os negros do programa. De forma ingênua, embora com firmeza admirável, Tracy aos poucos vai se transformando em uma ativista.

A temática de Hair Spray é atemporal e universal, pois aborda uma problemática fundamental nos dias de hoje que é o respeito e o convívio com as diferenças.

Vale apena registrar as excelentes atuações da simpática Queen Latifah e Christopher Walken que junto com John Travolta (Edna) protagonizam um casal não muito convencional.


sábado, 11 de outubro de 2008

Resenha do filme Edukators

Por: profº Henrique
Longa alemão lançado em 2004, dirigido por Hans Weingartner, os educadores (tradução do título para a língua portuguesa) é um filme que realmente tem muito a nos ensinar.

Aparentemente supérfluo e pequeno-burguês, Edukators, se revela um filme belo e inusitado. Os diálogos são bastante reflexivos, algo que me fez perder o sono.

A história central é de três jovens; Peter, Jan e Jule (os educadores), são jovens militantes que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária. Rebeldes contemporâneos que expressam sua indignação de forma pacífica e criativa.Os educadores entram em mansões mudam os movéis de lugar, fazem muita bagunça, porém não roubam nada. Por fim, deixam um recado para o proprietário: “seus dias de farturas estão acabados”, ou, “você tem grana de mais”.

No entanto o grupo se vê forçado a mudar seus métodos de ação por conta de algo inesperado. Em uma dessas invasões, Jule esquece seu celular na mansão e ao retornar para buscá-lo é surpreendida pelo proprietário. Sem outra alternativa no momento, os educadores o seqüestram.

O homem é na verdade Hardemberg, um burguês egocêntrico, com o qual Jule havia se envolvido em um acidente de transito. A garota foi processada e condenada a pagar 100 mil euros para cobrir os gastos com sua Mercedes. O carro que na verdade significa pouco para o magnata Hardemberg, muda completamente a vida de Jule, que para saldar sua divida, tem que mudar de apartamento e se vê obrigada a trabalhar arduamente por longos anos sem expectativa alguma de usufruir dos “frutos do seu trabalho”.

O grupo de jovens leva Hardemberg para uma casa de campo e durante o tempo que convivem juntos, muitas revelações são feitas. O magnata conta que também já foi rebelde e queria mudar o mundo. Exatamente neste ponto se encontra a essência do filme,permitindo-nos uma reflexão sobre o processo de cooptação e adaptação que o sistema exerce sobre revolucionários de outrora, que transformam-se nos conservadores de hoje.

Em um desfecho surpreendente - Edukators - mostra que algumas pessoas nunca mudam!

31 de Março: 44 anos do Golpe Militar

Por: profº Henrique
No dia 31 de março de 2008 completaram-se 44 anos do golpe militar. Foram mais de 20 anos marcados pela restrição a liberdade e perseguição aos críticos do regime. Durante esse período a UNE foi fechada e os estudantes perderam seus direitos de organização, centenas de pessoas foram torturadas, assassinadas e desaparecidas.

A herança deixada pelos militares foi desastrosa; após o surreal “milagre brasileiro”, prevaleceu uma acentuada concentração de renda, elevação da dívida externa a patamares altíssimos e alienação de parte da sociedade brasileira, que não se reconhece como sujeito político.

Porém, mesmo com todas as dificuldades e contradições, houve aqueles que ofereceram resistência; jovens, estudantes, trabalhadores e intelectuais que preferiram a clandestinidade a ter que aceitar a opressão.

Hoje temos liberdade - mas o que temos feito? Por vezes nos calamos diante das injustiças, preocupados apenas com nosso EU. Estudamos, trabalhamos apenas porque buscamos uma ascensão social. Não pensamos em colaborar com a construção de uma sociedade melhor.

Vivemos numa permanente competição e valorizamos imensamente o Ter, quando o que realmente importa é o Ser.

É preciso refletir sobre nosso papel social, pois ainda há muito a fazer, a ditadura acabou. Mas o individualismo continua nos mantendo cegos e calados, transformando-nos também em tiranos